HANUMAN
Swami Harshananda
Hanuman, também conhecido como Maruti (o filho de Marut, o Deus do Vento) e Mahavira, (o grande herói) é a mais versátil e vibrante personalidade encontrada no grande épico, o Ramayana de Valmiki, que vem sendo venerado pelos Hindus desde os tempos antigos.
Seja o Ramayana uma obra poética clássica, fruto da criatividade de um gênio comprometido em projetar a imagem do homem ideal, Rama; ou então um fato histórico - estudiosos concordam que a essência do mito é histórica - há um consenso de que o Rama ideal inspirou milhões de indianos por milhares de anos.
Enquanto Rama é lembrado com veneração e devoção, Hanuman será sempre lembrado com grande afeto e admiração. Ele conquistou para si mesmo um recanto permanente em cada coração hindu devido ao seu profundo amor por seu mestre, Rama. Seu amor se expressa em uma inquestionável obediência e serviço devoto, freqüentemente envolvendo um grande sacrifício. Nascido de Anjana (e por isso chamado Anjaneya) pela graça de Vayu, o Deus do Vento, Anjaneya recebeu o nome Hanuman quando, ainda um bebê recém-nascido, lançou-se no ar para apossar-se do Sol que nascia. A história conta que Hanuman foi obstruído por Indra, que o atingiu na face com o seu vraja (o relâmpago), deformando assim a sua mandíbula (hanu = mandíbula; Hanuman = aquele que tem uma mandíbula proeminente). Entretanto, em reconhecimento por sua grandeza, Hanuman foi agraciado com uma tremenda força, uma rapidez comparável à do vento e o poder de viver tanto quanto desejasse. Estimulado por por todos estes dons, em sua juventude suas incomparáveis façanhas foram tingidas de arrogância. Isto irritou alguns sábios, que o amaldiçoaram, condenando-o à amnésia. Foi Hanuman que, sendo um importante ministro e confidente de Sugriva, o chefe dos macacos, lhe apresentou Rama e Lakshmana. Foi assim que uma duradoura amizade se estabeleceu entre Sugriva e Rama, o que veio a ser vantajoso para ambos. Hanuman foi o instrumento na busca e localização de Sita. Sugriva, na verdade escolheu-o especialmente para esta árdua tarefa, sendo que Rama ficou tão impressionado pela devoção e competência de Hanuman que confiou-lhe seu anel que era sua marca e uma mensagem secreta que deveria ser levada até Sita.
Cruzando o oceano em um salto inspirado, Hanuman entra em Lanka, a cidadela do grandioso Ravana, monarca dos rakshasas (classe de demônios). Lá ele subjuga Lankini, o espírito guardião da capital, procura por Sita por todo lado, em todos os cantos, até finalmente localizá-la no bosque de Ashoka. Depois de mostrar suas credenciais e entregar a mensagem de Rama a Sita, Hanuman deu a Ravana uma amostra do seu poder, matando vários guerreiros e causando uma enorme destruição na capital. Ele, então, retornou a Rama, levando consigo a chudamani, a gema preciosa que Sita havia lhe entregue como uma prova de tê-la encontrado; fornecendo à Rama, todas as informações de que ele precisava.
Antes do início da épica batalha com Rama, Vibhishana, o irmão mais novo de Ravana, passou para o lado de Rama, levando consigo quatro de seus ministros, buscando refúgio aos pés de Rama. Todos os líderes importantes de Rama se opuseram fortemente a presença de Vibhishana entre eles, considerando-a como de alto risco. Neste momento, Hanuman se pronunciou, aconselhando Rama a aceitar a rendição de Vibhishana. Hanuman havia sido testemunha do sentido de correção do “demônio”, quando este repreendeu severamente seu irmão, o rei, por suas maldades, rogando por um retorno honrado de Sita ao seu marido. Rama, por fim, concordou com Hanuman garantindo, assim, asilo a Vibhishana. Durante a guerra, Hanuman se destacou por seus atos de extraordinária força e bravura. Quando Lakshmana foi atingido e deixado inconsciente pela arma shakti, disparada por Indrajit (o filho de Ravana), foi Hanuman quem o socorreu, levando-lhe a erva salvadora, obtida no monte Sushena. Incapaz de identificar corretamente a erva, Hanuman transportou uma parte da própria montanha! Foi através desta erva que Lakshmana foi reanimado.
Quando Rama matou Ravana, foi a Hanuman que foi dado o privilégio de transmitir a notícia da vitória à Sita. Ele também foi encarregado da tarefa de ir correndo até Ayodhya para informar Bharata do retomo de Rama; levando também de volta a resposta de Bharata. Mais tarde, Hanuman acompanhou Rama até Ayodhya, participando ativamente das cerimônias da coroação. Ele recebeu honrarias de ambos, Rama e Sita. É falado que ele foi abençoado por Rama com uma longa vida.
Hanuman, como foi descrito pelo Ramayana de Valmiki, é um completo cavalheiro. Ele reúne força e ternura, erudição e humildade, emoção e sabedoria. Todas estas aparentemente contraditórias virtudes encontram um lar nele. Mesmo Rama, o Herói, o homem ideal tem uma profunda admiração por Hanuman e declarou que o mestre que possuísse os serviços de alguém assim era realmente abençoado. Quando Hanuman cumpriu sua tarefa de localizar Sita, Rama afetuosamente abraçou-o, dizendo não ter nada mais que pudesse lhe oferecer naquele seu presente estado de tristeza e exílio.
Segundo as descrições dadas por Valmiki, Hanuman, Sugriva e Vali eram macacos. Mas seriam eles macacos realmente? A palavra “vanara” que usualmente significa “macaco”, também pode ser de uma outra maneira interpretada. Literalmente a palavra “vanara” significa “ou (talvez) um homem”. É possível que a raça que habitava a cidade de Kishkindha fosse fisicamente semelhante a macacos, mas que seus líderes e cidadãos proeminentes possuíssem um alto grau de cultura e estatura moral.
Muitos eruditos, estudiosos do Ramayana, interpretam este épico como um mito rico em simbolismo. Eles interpretam a personalidade de Hanuman como um símbolo do conceito do guru (o mestre espiritual), que une o jiva (o ser individual, neste caso representada por Sita) com o Paramatma (Deus, representado por Rama), de quem havia se separado devido a moha (apego e ilusão).
Ao longo dos anos, Hanuman foi gradualmente divinizado. Atualmente ele é adorado como uma encarnação perfeita de força, autocontrole e continência, envolvendo um elevado senso de dever, sacrifício e suprema devoção. Raramente se encontra uma vila em que não exista um santuário a ele dedicado. Imagens de Hanuman o retratam heróico, com uma maça na mão esquerda e a montanha Sushena equilibrada na palma de sua mão direita.
Extraído da revista de Vedanta, Mananan, uma publicação da Chinmaya Mission.
Swami Harshananda
Hanuman, também conhecido como Maruti (o filho de Marut, o Deus do Vento) e Mahavira, (o grande herói) é a mais versátil e vibrante personalidade encontrada no grande épico, o Ramayana de Valmiki, que vem sendo venerado pelos Hindus desde os tempos antigos.
Seja o Ramayana uma obra poética clássica, fruto da criatividade de um gênio comprometido em projetar a imagem do homem ideal, Rama; ou então um fato histórico - estudiosos concordam que a essência do mito é histórica - há um consenso de que o Rama ideal inspirou milhões de indianos por milhares de anos.
Enquanto Rama é lembrado com veneração e devoção, Hanuman será sempre lembrado com grande afeto e admiração. Ele conquistou para si mesmo um recanto permanente em cada coração hindu devido ao seu profundo amor por seu mestre, Rama. Seu amor se expressa em uma inquestionável obediência e serviço devoto, freqüentemente envolvendo um grande sacrifício. Nascido de Anjana (e por isso chamado Anjaneya) pela graça de Vayu, o Deus do Vento, Anjaneya recebeu o nome Hanuman quando, ainda um bebê recém-nascido, lançou-se no ar para apossar-se do Sol que nascia. A história conta que Hanuman foi obstruído por Indra, que o atingiu na face com o seu vraja (o relâmpago), deformando assim a sua mandíbula (hanu = mandíbula; Hanuman = aquele que tem uma mandíbula proeminente). Entretanto, em reconhecimento por sua grandeza, Hanuman foi agraciado com uma tremenda força, uma rapidez comparável à do vento e o poder de viver tanto quanto desejasse. Estimulado por por todos estes dons, em sua juventude suas incomparáveis façanhas foram tingidas de arrogância. Isto irritou alguns sábios, que o amaldiçoaram, condenando-o à amnésia. Foi Hanuman que, sendo um importante ministro e confidente de Sugriva, o chefe dos macacos, lhe apresentou Rama e Lakshmana. Foi assim que uma duradoura amizade se estabeleceu entre Sugriva e Rama, o que veio a ser vantajoso para ambos. Hanuman foi o instrumento na busca e localização de Sita. Sugriva, na verdade escolheu-o especialmente para esta árdua tarefa, sendo que Rama ficou tão impressionado pela devoção e competência de Hanuman que confiou-lhe seu anel que era sua marca e uma mensagem secreta que deveria ser levada até Sita.
Cruzando o oceano em um salto inspirado, Hanuman entra em Lanka, a cidadela do grandioso Ravana, monarca dos rakshasas (classe de demônios). Lá ele subjuga Lankini, o espírito guardião da capital, procura por Sita por todo lado, em todos os cantos, até finalmente localizá-la no bosque de Ashoka. Depois de mostrar suas credenciais e entregar a mensagem de Rama a Sita, Hanuman deu a Ravana uma amostra do seu poder, matando vários guerreiros e causando uma enorme destruição na capital. Ele, então, retornou a Rama, levando consigo a chudamani, a gema preciosa que Sita havia lhe entregue como uma prova de tê-la encontrado; fornecendo à Rama, todas as informações de que ele precisava.
Antes do início da épica batalha com Rama, Vibhishana, o irmão mais novo de Ravana, passou para o lado de Rama, levando consigo quatro de seus ministros, buscando refúgio aos pés de Rama. Todos os líderes importantes de Rama se opuseram fortemente a presença de Vibhishana entre eles, considerando-a como de alto risco. Neste momento, Hanuman se pronunciou, aconselhando Rama a aceitar a rendição de Vibhishana. Hanuman havia sido testemunha do sentido de correção do “demônio”, quando este repreendeu severamente seu irmão, o rei, por suas maldades, rogando por um retorno honrado de Sita ao seu marido. Rama, por fim, concordou com Hanuman garantindo, assim, asilo a Vibhishana. Durante a guerra, Hanuman se destacou por seus atos de extraordinária força e bravura. Quando Lakshmana foi atingido e deixado inconsciente pela arma shakti, disparada por Indrajit (o filho de Ravana), foi Hanuman quem o socorreu, levando-lhe a erva salvadora, obtida no monte Sushena. Incapaz de identificar corretamente a erva, Hanuman transportou uma parte da própria montanha! Foi através desta erva que Lakshmana foi reanimado.
Quando Rama matou Ravana, foi a Hanuman que foi dado o privilégio de transmitir a notícia da vitória à Sita. Ele também foi encarregado da tarefa de ir correndo até Ayodhya para informar Bharata do retomo de Rama; levando também de volta a resposta de Bharata. Mais tarde, Hanuman acompanhou Rama até Ayodhya, participando ativamente das cerimônias da coroação. Ele recebeu honrarias de ambos, Rama e Sita. É falado que ele foi abençoado por Rama com uma longa vida.
Hanuman, como foi descrito pelo Ramayana de Valmiki, é um completo cavalheiro. Ele reúne força e ternura, erudição e humildade, emoção e sabedoria. Todas estas aparentemente contraditórias virtudes encontram um lar nele. Mesmo Rama, o Herói, o homem ideal tem uma profunda admiração por Hanuman e declarou que o mestre que possuísse os serviços de alguém assim era realmente abençoado. Quando Hanuman cumpriu sua tarefa de localizar Sita, Rama afetuosamente abraçou-o, dizendo não ter nada mais que pudesse lhe oferecer naquele seu presente estado de tristeza e exílio.
Segundo as descrições dadas por Valmiki, Hanuman, Sugriva e Vali eram macacos. Mas seriam eles macacos realmente? A palavra “vanara” que usualmente significa “macaco”, também pode ser de uma outra maneira interpretada. Literalmente a palavra “vanara” significa “ou (talvez) um homem”. É possível que a raça que habitava a cidade de Kishkindha fosse fisicamente semelhante a macacos, mas que seus líderes e cidadãos proeminentes possuíssem um alto grau de cultura e estatura moral.
Muitos eruditos, estudiosos do Ramayana, interpretam este épico como um mito rico em simbolismo. Eles interpretam a personalidade de Hanuman como um símbolo do conceito do guru (o mestre espiritual), que une o jiva (o ser individual, neste caso representada por Sita) com o Paramatma (Deus, representado por Rama), de quem havia se separado devido a moha (apego e ilusão).
Ao longo dos anos, Hanuman foi gradualmente divinizado. Atualmente ele é adorado como uma encarnação perfeita de força, autocontrole e continência, envolvendo um elevado senso de dever, sacrifício e suprema devoção. Raramente se encontra uma vila em que não exista um santuário a ele dedicado. Imagens de Hanuman o retratam heróico, com uma maça na mão esquerda e a montanha Sushena equilibrada na palma de sua mão direita.
Extraído da revista de Vedanta, Mananan, uma publicação da Chinmaya Mission.
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