segunda-feira, 10 de março de 2014



HANUMAN

Swami Harshananda

Hanuman, também conhecido como Maruti (o filho de Marut, o Deus do Vento) e Mahavira, (o grande herói) é a mais versátil e vibrante personalidade encontrada no grande épico, o Ramayana de Valmiki, que vem sendo venerado pelos Hindus desde os tempos antigos.

Seja o Ramayana uma obra poética clássica, fruto da criatividade de um gênio comprometido em projetar a imagem do homem ideal, Rama; ou então um fato histórico - estudiosos concordam que a essência do mito é histórica - há um consenso de que o Rama ideal inspirou milhões de indianos por milhares de anos.

Enquanto Rama é lembrado com veneração e devoção, Hanuman será sempre lembrado com grande afeto e admiração. Ele con­quistou para si mesmo um recanto permanente em cada coração hindu devido ao seu profundo amor por seu mestre, Rama. Seu amor se expressa em uma inquestionável obediência e serviço devoto, freqüentemente envolvendo um grande sacrifício. Nascido de Anjana (e por isso chamado Anjaneya) pela graça de Vayu, o Deus do Vento, Anjaneya recebeu o nome Hanuman quando, ainda um bebê recém-nascido, lançou-se no ar para apossar-se do Sol que nascia. A história conta que Hanuman foi obstruído por Indra, que o atingiu na face com o seu vraja (o relâmpago), deformando assim a sua mandíbula (hanu = mandíbula; Hanuman = aquele que tem uma mandíbula proeminente). Entretanto, em reconhe­cimento por sua grandeza, Hanuman foi agraciado com uma tremenda força, uma rapidez comparável à do vento e o poder de viver tanto quanto desejasse. Estimulado por por todos estes dons, em sua juventude suas incomparáveis façanhas foram tingidas de arrogância. Isto irritou alguns sábios, que o amaldiçoaram, condenando-o à amnésia. Foi Hanuman que, sendo um importante ministro e confidente de Sugriva, o chefe dos macacos, lhe apresentou Rama e Lakshmana. Foi assim que uma duradoura amizade se estabeleceu entre Sugriva e Rama, o que veio a ser vantajoso para ambos. Hanuman foi o instrumento na busca e localização de Sita. Sugriva, na verdade escolheu-o especialmente para esta árdua tarefa, sendo que Rama ficou tão impressionado pela devoção e competência de Hanuman que confiou-lhe seu anel que era sua marca e uma mensagem secreta que deveria ser levada até Sita.

Cruzando o oceano em um salto inspirado, Hanuman entra em Lanka, a cidadela do grandioso Ravana, monarca dos rakshasas (classe de demônios). Lá ele subjuga Lankini, o espírito guardião da capital, procura por Sita por todo lado, em todos os cantos, até finalmente localizá-la no bosque de Ashoka. Depois de mostrar suas credenciais e entregar a mensagem de Rama a Sita, Hanuman deu a Ravana uma amostra do seu poder, matando vários guer­reiros e causando uma enorme destruição na capital. Ele, então, retornou a Rama, levando consigo a chudamani, a gema preciosa que Sita havia lhe entregue como uma prova de tê-la encontrado; for­necendo à Rama, todas as informações de que ele precisava.

Antes do início da épica batalha com Rama, Vibhishana, o irmão mais novo de Ravana, passou para o lado de Rama, levando consigo quatro de seus ministros, buscando refúgio aos pés de Rama. Todos os líderes importantes de Rama se opuseram fortemente a presença de Vibhishana entre eles, considerando-a como de alto risco. Neste momento, Hanuman se pronunciou, aconselhando Rama a aceitar a rendição de Vibhishana. Hanuman havia sido testemunha do sentido de correção do “demônio”, quando este repreendeu severamente seu irmão, o rei, por suas maldades, rogando por um retorno honrado de Sita ao seu marido. Rama, por fim, concordou com Hanuman garantindo, assim, asilo a Vibhishana. Durante a guerra, Hanuman se destacou por seus atos de extraordinária força e bravura. Quando Lakshmana foi atingido e deixado inconsciente pela arma shakti, disparada por Indrajit (o filho de Ravana), foi Hanuman quem o socorreu, levando-lhe a erva salvadora, obtida no monte Sushena. Incapaz de identificar corretamente a erva, Hanuman transportou uma parte da própria montanha! Foi através desta erva que Lakshmana foi reanimado.

Quando Rama matou Ravana, foi a Hanuman que foi dado o privilégio de transmitir a notícia da vitória à Sita. Ele também foi encarregado da tarefa de ir correndo até Ayodhya para informar Bharata do retomo de Rama; levando também de volta a resposta de Bharata. Mais tarde, Hanuman acompanhou Rama até Ayodhya, participando ativamente das cerimônias da coroação. Ele recebeu honrarias de ambos, Rama e Sita. É falado que ele foi abençoado por Rama com uma longa vida.

Hanuman, como foi descrito pelo Ramayana de Valmiki, é um completo cavalheiro. Ele reúne força e ternura, erudição e humildade, emoção e sabedoria. Todas estas aparentemente contraditórias virtudes encontram um lar nele. Mesmo Rama, o Herói, o homem ideal tem uma profunda admiração por Hanuman e declarou que o mestre que possuísse os serviços de alguém assim era realmente abençoado. Quando Hanuman cumpriu sua tarefa de localizar Sita, Rama afetuosamente abraçou-o, dizendo não ter nada mais que pudesse lhe oferecer naquele seu presente estado de tristeza e exílio.

Segundo as descrições dadas por Valmiki, Hanuman, Sugriva e Vali eram macacos. Mas seriam eles macacos realmente? A palavra “vanara” que usualmente significa “macaco”, também pode ser de uma outra maneira interpretada. Literalmente a palavra “vanara” significa “ou (talvez) um homem”. É possível que a raça que habitava a cidade de Kishkindha fosse fisicamente semelhante a macacos, mas que seus líderes e cidadãos proeminentes possuíssem um alto grau de cultura e estatura moral.

Muitos eruditos, estudiosos do Ramayana, interpretam este épico como um mito rico em simbolismo. Eles interpretam a personalidade de Hanuman como um símbolo do conceito do guru (o mestre espiritual), que une o jiva (o ser individual, neste caso representada por Sita) com o Paramatma (Deus, representado por Rama), de quem havia se separado devido a moha (apego e ilusão).

Ao longo dos anos, Hanuman foi gradualmente divinizado. Atualmente ele é adorado como uma encarnação perfeita de força, autocontrole e continência, envolvendo um elevado senso de dever, sacrifício e suprema devoção. Raramente se encontra uma vila em que não exista um santuário a ele dedicado. Imagens de Hanuman o retratam heróico, com uma maça na mão esquerda e a montanha Sushena equilibrada na palma de sua mão direita.

Extraído da revista de Vedanta, Mananan, uma publicação da Chinmaya Mission.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

*BEMVINDO AO BECO DAS INCERTEZAS*